A realidade e as palavras

"Quando te questionarem acerca dAquilo, nada deves negar ou afirmar, pois o que quer que seja negado ou afirmado não é verdadeiro. Como poderá alguém perceber o que Aquilo possa ser enquanto por si mesmo não tiver visto e compreendido? E que palavras poderão então emanar de uma região onde a carruagem da palavra não encontra uma trilha por onde seguir? Portanto, aos seus questionamentos oferece apenas o silêncio. Silêncio... e um dedo apontando o caminho." -Siddhartha Gautama, o Buda






domingo, 19 de julho de 2015

Intelecto vs Atenção



"Só o lago calmo reflete as estrelas"                                                  -provérbio Zen



Ao confiar no intelecto, procurando segurança nas ideias, torno-me cego à realidade. O pensamento isola e separa, quer gire à volta do profano ou do sagrado, do mundano ou do divino. Uma mente ocupada, seja qual for o objeto das suas lucubrações, cria sempre isolamento à sua volta. 
Na medida em que nos ocupamos com o próprio diálogo interior, deixamos de prestar atenção. O espaço dedicado à ruminação é roubado à presença. E ao deixarmos de estar presentes, o condicionamento que jaz ao nivel do subconsciente assume o comando. A ação consciente dá lugar à reação condicionada. As nossas respostas tornam-se mecânicas, comandadas pelos hábitos e padrões instalados.

Só quando estamos plenamente atentos e presentes, se manifesta a consciência livre e descondicionada. Daí resulta uma resposta sempre original e espontânea, porque surge de um estado de disponibilidade e vazio. Esta ação utiliza criativamente o conhecimento e a memória, mas sem estar limitada por eles. O intelecto é conhecimento e move-se no passado; a plena atenção é presença e move-se no desconhecido (o desconhecido é o presente, não o futuro). A presença consciente não exclui o intelecto, mas o intelecto não pode substituir a presença consciente. O pensamento não pode substituir a atenção.  O intelecto é cego e limitado. A consciência é livre, infinitamente aberta e ilimitada. Ao serviço da consciência o intelecto é um instrumento inofensivo; ao pretender substitui-la torna-se cego e destrutivo.